Não Fujas - Capítulo 15
- Tom Kaulitz
- Sim.
- Mesmo que eu te diga que aquele era o meu médico e que nesse dia ia ouvir o bater do coração do nosso filho?
Vou-me arrepender. Mas o meu coração está inebriado pelo álcool da noite anterior e pela Sam, inebriado de uma forma não muito positiva.
- Sim. Ela não iria ter necessidade de mentir.
- Ok. Então não tenho mais nada para te dizer. Podes ir embora.
- Camie…
- Ainda me chamas Camie, Tom? Por favor, vai-te embora. É o melhor para nós.
- Eu amo-te.
- Não, amas a Sam, confias nela. Normalmente, confiasse na pessoa que se ama.
- Mas é mentira… Eu não queri-- Eu quero-te a ti.
- Tom, foste tu que decidiste.
- Camie…
- Ouve, Tom: Nunca na minha vida eu tive dúvidas que te amava, nunca, mas tu parecias ter constantemente. De todas as vezes que te magoei e que me magoei a mim mesma eu fazia-o porque pensava ser o mais apropriado para nós. De todas as vezes que aceitei que me magoasses fazia-o porque era o melhor para ti e, consequentemente, para mim. Precisavas de espaço, eu dava-to, querias carinho, eu estava aqui. Mas já não estou aqui para dar nenhuma dessas coisas. És um homem livre agora e tens alguém que te dá carinho e, pelos vistos, que te faz sentir amado. Outro alguém para além de mim. Mas fica ciente de uma coisa, como de todas as outras vezes, eu continuo a ter a certeza que te amo e talvez seja por isso que não esteja no mesmo estado que tu.
No fundo, em tudo o que ela disse coexiste a razão, mas eu não quero vê-la. Não quero voltar a sentir que fiz o mais profundo dos erros, que abri em mim próprio a mais profunda das feridas.
- De que estás a falar?
- A Simone fala comigo, Tom. Ela diz-me que passas as noites em bares com a Sam. Que chegas a casa num estado lastimá--
- A MINHA MÃE NÃO SABE DO QUE FALA! E NÃO TEM NADA QUE FALAR CONTIGO!
- Não fales assim dela! Olha para ti, Tom! Olha! Estás com raiva da tua mãe. Achas que esse é o verdadeiro Tom? Se sim, podes ir embora e não voltar. Se decidires pensar bem no que estás a dizer e a fazer, vou ficar aqui à tua espera. Agora vai-te embora.
- ADEUS… Camilla!
Dirigi-me para a porta sem a autorização dela, deixando-a a chorar agarrada ao ventre, deviam ser manias de grávida. Mas o meu senso bom dizia que não era, dizia que a deixara a sofrer e, de certa forma, deixara a sofrer o meu filho. As duas pessoas que eu mais amava sofriam por mim.
Tudo o que eu lhe disse, sim, arrependi-me, mas já não posso voltar atrás. Sempre me ensinaram a seguir em frente com o encabeçamos, por mais que doesse. Mas será que quem me disse isso sabia que poderia doer de mais?
E, no entanto, eu precisava dela para me fortalecer.
Não Fujas - Capítulo 16
- Tom Kaulitz
Não sei ao certo quanto tempo já passou, quando estou com a Sam o doloroso tempo parece não passar.
Mais uma vez recuso a sua tentativa de ir tomar banho comigo. Ela já se devia sentir com sorte em ver-me nu quando consegue a sua vontade de levar-me para a cama.
Entro na banheira, sendo o meu pensamento dirigido para a Camie. Estendo a minha mão para o bolso da frente das calças com o propósito de tirar o telemóvel, o objecto que tem provas indestrutíveis do que é, ou pelo menos fora em tempos, a minha felicidade.
Num relfexo rápido e conhecido carrego no botão que me indica o Menu e direcciouno-me para as Mensagens.
Hoje vou almoçar a casa. Queres vir, meu rei? Pedi ao patrão mais uma hora de almoço. Hoje sinto saudades tuas.
Claro, minha rainha. Com todo o gosto.
Lembrei-me de como logo a seguir telefonei à Camie para lhe perguntar o motivo de ter tantas saudades.
***
- Amo-te, chega?
- Hum, se pensar bem, não chega… Quem te garante que não te ame mais?
- Digamos que se algum dia quiser fugir da nossa vida eu não o conseguirei fazer. Preferirei ficar do teu lado.
- Então, o teu amo-te chega. E fica sabendo que também preferirei ficar contigo.
***
Agora sei como ela tinha razão. Ela nunca tentou fugir, aguentou sempre tudo, ao passo que eu, quando já não aguentava mais, fugi. Abandonei-a.
A ela e ao nosso filho.
Às vezes penso se o mais normal não seria sentir ódio por saber que a Camie me escondeu um filho durante quase três meses, o fruto do nosso amor, mas quando estou consciente do que me rodeia a única sensação que me preenche éa realização ao saber que, em breve, terei um filho. Um filho com a pessoa que mais amo neste Mun--.
Mas que estou eu para aqui a pensar? Eu estou com a Sam. Não me devia sequer permitir pensar nisto.
Não Fujas - Capítulo 17
- Tom Kaulitz
Mais uma noite com a Sam, e sempre que estou com ela nunca tenho a verdadeira noção do tempo, nem sequer tenho a verdadeira noção do que estou a fazer.
- Mãe?
- Tom, onde estás?
O seu tom de voz assustou-me, estava-se a passar alguma coisa.
- Estou com a Sam.
- Vai para o hospital, rápido!
- O hospital?!
- Sim! O teu filho vai nascer.
- Mas não era só para o mês que vem?
- Não, Tom! É o teu filho! Eu não sei como é que a Sam te deu a volta a cabeça. Era este mês, mais precisamente hoje, que o teu filho ia nascer! Desiludiste-me, filho…
Senti a Sam a tirar o telemóvel da minha mãe e a desligar a chamada, puxando-me de novo para a cama.
Três meses já se passaram desde a última vez que falei com a Camie.
Não tenho sido um pai presente. Não estive na primeira ecografia, não estive na primeira vez que o meu filho se mexeu, não estive quando a Camie ouviu o coraçãozinho do nosso filho bater pela primeira vez. Deixei todas estas experiências passarem e agora não tenho coragem de falar com ela. Não depois de todas as mensagens recebidas a contar as primeiras coisas que o nosso filho fazia porque eu não atendia os telefonemas. Eu continuo a amá-la, não faço a mínima que estou aqui a fazer. Mais uma vez o efeito do álcool que está a inebriar os sentidos, mas, surpreendentemente a minha mente está mais clarificada que de todas as outras vezes.
As minhas mãos começam a percorrer o corpo dela, o mesmo corpo que exploraram vezes sem conta nos últimos meses, tentando encontrar algo que me fizesse recordar o único corpo que me dava prazer apenas de tocar, o corpo de Camie. Mas o corpo de Sam em nada se compara com o que eu quero.
- Tom…
O seu gemido está-me a dar nojo. Talvez deva parar, mas o álcool não mo vai permitir, tal como não o permitiu de todas a outras vezes. E, sim, eu continuo, tal como tinha previsto, o meu coração quer parar, mas o meu estado da mente não deixa.
Começo a ouvir um choro, já estava habituado a ouvir demasiado e coisas irreais sempre que estava neste estado, mas nunca tinha ouvido um choro.
Por falar em choro, a minha mãe há bocado telefonou-me há bocado, acho que tinha alguma coisa a ver com o meu filho e a Camie, mas não me consigo lembrar.
A Camie, como eu a amo. Ela foi a única que amei verdadeiramente e que me fez sentir amado, não daquelas que me davam prazer para uma noite apenas porque também se queriam divertir, tal como eu.
As minhas mãos começam a ansiar o corpo que estava por baixo de mim, um corpo que eu agora imaginava ser outro.
- Tom…
Um gemido que me pareceu tão real e parecido com o dela…
- Camie, eu amo-te…
De repente, foi como se tivesse voltado à realidade, como se o meu sangue tivesse consumido finalmente todo o álcool que ainda havia dentro de mim.
- PÁRA!
- Tom, que se passa?
- Sai! Sai daqui!
- Tom, amor, não sejas assim.
- Sai! Tenho de ir para o meu hospital, quero assistir ao nascimento do meu filho.
- Esquece o teu filho, dá-me prazer. Eu sou mais importante.
Uma vontade de dar uma estalada à Sam está a crescer dentro de mim, mas tenho de manter a calma. Ela mate-me nojo, mesmo sob o álcool não sei como é que consegui alguma vez ter algo com ela.
- Sai daqui. Nunca, mas nunca, serás mais importante que o meu filho ou a Camie. SAI!